A historia de uma guerreira Barbara

Olá eu sou a Bárbara, tenho 14 anos…e pareço ser uma rapariga igual a todas as outras, até vocês lerem a minha história, e mudarem completamente de opinião, uns vão chorar, outros rir, outros vão ficar indiferentes e outros vão gozar, mas é a minha vida…Bem cá vai… 
Eu, uma rapariga igual a todas as outras de longe, mas de perto tão diferente, era a melhor aluna da turma, toda a gente naquela escola me chamava de betinha e pita, e entre outros nomes…A actividade preferida da maior parte dos alunos que me conheciam era rebaixarem-me…Humilharem-me de frente a turma de toda, e nos recreios com toda a gente a ver, muitas vezes as minhas “amigas” viravam-se contra mim, porque ficavam envergonhadas, e assim preferiam ficar do lado dos “fortes”. 
Quando eu fazia algo errado, ficava tudo espantado a olhar para mim, porque eu era a “aluna perfeita” portanto não tinha direito de errar. E toda a gente ia contar que eu fiz algo mal, era sempre assim, quando eu fazia algo mal toda a gente o sabia, quando eu fazia alguma coisa bem, ninguém se importava. 
Isso continuou assim durante 5 anos, sim 5 anos, é muito tempo, eu fui forte durante muito tempo! Eles continuavam a humilharem-me, a ameaçarem-me, até que me bateram, lembro-me como se fosse hoje…era um dia de chuva, e eu estava sentada em cima de um murinho até que veio um grupo de raparigas mais ou menos 2 anos mais velhas que eu, elas eram enormes a minha beira, altas, e fortes, bonitas e poderosas, e sabiam o que dizer, a cada palavra que elas diziam era uma faca que se espetava no meu coração… Eu contra elas não tinha hipóteses nenhumas, enquanto elas falavam a alto e bom som para todas as pessoas a volta ouvirem, lágrimas escorriam pela minha cara… Elas começaram a bater-me, e eu acabei por cair no chão desfeita em lágrimas, toda molhada por causa de estar a chover e com sangue, de elas me terem batido e em sangrei do nariz. 
Depois disso ter acontecido, eu mudei de escola, sai de Portugal, e vim para França(onde me encontro actualmente), aqui também gozavam comigo, além de ser uma pita, era estrangeira, vinha de outro pais, o que fazia com que eles gozassem ainda mais comigo…
E as coisas repetem-se.. Há aquelas raparigas que se acham “populares” que tem a mania que são boas, que tentam me humilhar, e passam os dias a insultarem-me, e a espalhar rumores sobre mim pela escola toda… 
Um dia elas humilharam-me tanto mas tanto, que toda a escola ria-se quando eu passava, e nesse mesmo dia o meu professor de educação física também me humilhou disse que eu nunca sabia fazer nada…e entre outras coisas desse género e a turma aplaudi-o o professor…eu sai do campo a correr, fui para o balneários troquei-me rápido e fui para a wc, e tranquei-me lá dentro, estava desfeita em lágrimas, até que me passou uma ideia horrível pela cabeça, abri o meu estojo, e como a minha afia era plástica, era fácil de a partir, pus-a no chão e parti o plástico com o pé, só a lâmina é que sobreviveu… Apanhei a lâmina do chão e arranhei a sobre o meu pulso, nunca me tinha cortado antes, não sabia o que era, na hora não senti dor nenhuma , senti a dor do sofrimento passado ao longo destes anos…
Agora…Eu mudei completamente, deixei de ser aquela pitinha que os estudos eram tudo…Tanto fizeram que conseguiram obter o que tanto queriam…Eu perdi o gosto que eu tinha pelos estudos…De melhor aluna da turma passei a ser uma das piores, as minhas notas são péssimas, são mais do que baixas… Tornei-me insociável… Só me dou bem com pessoas um bocado esquisitas…Só me dou bem, com góticos, emos, fumadores ou pessoas que já passaram ou passam pelo mesmo que eu…E essa gente assim…Não são boas frequentações, mas eles são assim porque também já sofreram, e então compreendem-me…Eu dantes era simpática com toda a gente. Agora? Para conseguirem a minha simpatia, tem muito que caminhar! Sou reservada, completamente fechada, não aceito ninguém no meu mundo, se não demostrarem primeiro que o merecem…Sou uma rapariga que teve uma infância e que tem uma adolescência muito sofrida, e agora está a tentar se proteger para que não lhe aconteça novamente a mesma coisa…
O que custou mais foi arranhar pela primeira vez a lamina no meu pulso, agora eu corto-me sempre que tenho um problema, e muito dificilmente eu vou parar…e o que eu acho estranho é que há certas pessoas que simplesmente acham que eu sou maluca. Não é por eu me cortar que eu sou maluca, eu sou apenas uma pessoa que tem problemas, e que ao mesmo tempo, pareço uma pessoa sem problemas, porque ando sempre com a porcaria de um sorriso na cara...eu ando o dia todo a sorrir, para não preocupar os que amo, e porque é mais fácil por um sorriso falso na cara, do que dar explicações do porque de estar mal...
Eu sou a Bárbara, esta é a minha história, e como podem ver sou uma rapariga igual a todas as outras…ou não.

Escrito por: Barbara Chipelo <3